1.12.07

Alguns minutos de desconforto.

Um dos momentos que eu fico imaginando se a tecnologia estivesse mais avançada é justamente quando vou fazer ginástica. É ali do lado, algumas quadras nada mais, mas precisa da carteira de sócio para entrar, do molho de chaves do apartamento, do dinheiro (preferencialmente moedas para o onibus), do MP3 player (indispensável nesta hora)... saio com tudo isso. Se a tecnologia estivesse mais avançada poderia sair somente com as mãos: um fácil e prático acessório tecnologico de leitura em raio x seria capaz de abrir ou fechar qqer porta de qqer lugar, inclusive da tua casa, seria a carteira de sócio para entrar na academia, seria também a senha + cartão do banco: elimina-se um montao de problemas com a perda de qqer um destes artefatos. Hoje perdi as chaves do apartamento e claro que estava sem celular. (para que celular na academia??).

Primeira coisa é tentar não se desesperar e não sentir saudade de falar em Português. Você pensa: tocar na casa de um amigo num sabado a tarde é tira-lo da cama, seja por causa do sono ou por um sexo gostoso de repente? Vim caminhando pensando quais seriam as possibilidades de SOS. Chegando na porta do meu prédio, com o balcão da minha casa há alguns metros da minha cabeça, sem poder fazer muito, lembrei da encargada do edificio, uma mulher que adora fazer fofocas sobre os moradores do prédio e que tem essa coisa de peitar e resolver os probleminhas; toquei, toquei não estava, toco, insisto cadê ela? penso que se eu conseguisse uma escadona, pulava no balcão e dava um jeito... mas escada? grande? com quem vou conseguir isso? (deixando a possibilidade de incomodar qqer amigo para último plano) vejo a barbearia aberta onde corto minha barba: Hola que tal. Como te va? Uy, perdi las llaves del departamento, una cagada.... me podes dar una mano? conoces a alguien, una cerrajeria, que se yo? Muito educado, o barbeiro me indicou dois endereços. Os dois fechados... Fui em dois Kioskos e os dois atendentes antas nao conheciam nenhum. (como pode? trabalha aqui todos os dias, nunca perdeu uma chave? já emputecido).

Não tive outra senão incomodar um amigo que pela voz estava naquele sono pós macarronada, me pergunta se quero subir (pensei: não quero minhas chaves.... vou chorar) :-P. Quase todas as possibilidades esgotadas, nao custava perguntar para o tiozinho da banca de flores se conhecia alguém, o Superhomem, Homem Aranha... qualquer um. Me deu uma mão, se nao eram dois endereços de cerrajerias, me deu quatro... Me dei conta que pelo menos estava reforçando o treino aeróbico e uma sensação estranha de saudade do banheiro, da tua casa, do ar vem tomando conta do peito. Calma! Comecei a pensar todas as possibilidades de onde a chave havia caído: no onibus nao porque fui de pé. Na rua teria feito barulho. Só podia estar na academia realmente. Continuo caminhando e já no quarto endereço encontro a bendita cerrajeria aberta: 380 pesos para uma ajuda.

Nestas horas o "gringo" senta e chora... meu Coreano da noite ia pras cucuias e o creme anti espinhas também... frustração total: sem amigos para ajudar, sem uma mãe para poder reclamar, resolvi insisitir na possibilidade de fazer uma contagem regressiva de meus passos, lembrar quais aparelhos da academia utilizei, etc... Voltei na academia. Subi as escadas pensando: se essas chaves estao aqui, eu entro na primeira sorveteria que encontrar e peço um banana split. Por fim, antes de perguntar para qquer pessoa, vejo as minhas chaves que valiam quase 400 pesos ali, ao lado do aparelho de ginástica. Riqueza que só valia para mim, mais ninguém.

- Fazer 4 cópias de chaves e dar de "presente" para os amigos.
- Fazer as pazes definitivas com o celular.
- Pensar bem antes de por a mão no bolso continua sendo um bom negócio.
- Comprar shorts novos, que tenham bolso dessas tipo redinha com velcro.

2 comentarios:

CAMIS dijo...

Sei bem o que é isso, 4 vezes no mínimo , me aconteceram, hj aqui nao fecho porta sem ter uma chave na mao...

Danilo Poveza dijo...

Deixar cópias com bons amigos é ESSENCIAL igual ao livro da Costanza.

Aproveita e deixa numa gaveta fácil, uma lanterna / velas para um dia que a luz acabar.